– por Marcos Antônio Alexandre – Faculdade de Letras – UFMG/CNPq –
Crítica escrita a partir dos dos espetáculos Justa, Há mais futuro que passado: um documentário de ficção, O Jornal The Rolling Stones e Se eu fosse Iracema (RJ).
Nos últimos meses eu me radiquei temporariamente no Rio de Janeiro e tive a oportunidade de assistir a algumas propostas espetaculares que me despertaram o interesse pelo fato de serem trabalhos concebidos a partir de linguagens estéticas distintas, mas que apresentam como ponto de confluência uma dimensão crítica e política de nosso tempo, colocando em foco aspectos da sociedade brasileiras e suas mazelas. Trata-se dos espetáculos Justa (2017), Há mais futuro que passado: um documentário de ficção(2017), O Jornal The Rolling Stones(2017) e Se eu fosse Iracema(2016), montagens que estiveram em cartaz na cidade entre outubro e dezembro de 2017.
Justa cumpriu temporada no Centro Cultural Banco do Brasil de 21 de outubro a 19 de novembro. A peça da Odeon Cia de Teatro tem direção de Carlos Gradim e dramaturgia de Newton Moreno, autor já reconhecido no cenário nacional por dar voz e representatividade em suas peças às personagens do nordeste brasileiro, apresentando uma linguagem comprometida com essa enunciação, assertiva que pode ser corroborada a partir da alusão às peças Agreste, As Centenárias e Maria do Caritó, textos que já cumpriram temporadas exitosas no cenário artístico brasileiro.
Em Justa, o autor retoma como “pano de fundo” o contexto nordestino, agora na voz da personagem-título do espetáculo (uma prostituta corporificada por Yara de Novaes), e desenvolve ações dramáticas que imprimem ao texto uma trama policial, a partir da qual acontece uma série de assassinatos de políticos corruptos. Isso leva o Investigador, personagem policial interpretada por Rodolfo Vaz, a correr atrás do responsável pelos crimes. Tudo está conectado a uma rede de prostituição que presta “serviços” para várias autoridades de prestígio e poder dentro do sistema político brasileiro, senadores e deputados que morrem de forma suspeita, ao frequentarem, como clientes habituais, o bordel “O Colégio”, lugar no qual trabalha a prostituta Justa.
No Programa do espetáculo, a Equipe informa que o desejo do grupo era tratar o tema da prostituição enquanto mote, mas buscando estabelecer uma “crônica política dos nossos tempos”, esclarecendo:
E vestimos nossa peça-manifesto de uma fábula com tons de noir investigativo, apimentado por uma paixão destruidora, dando espaço aos clamores do feminino na voz e corpo destas putas (alegorias do povo brasileiro), e do reencontro de um filho com sua mãe, ou melhor, de um povo com sua pátria. JUSTA é nossa alegoria cênica do esgotamento ético em que estamos mergulhados e da urgência de um re-encantamento com a beleza da justiça; e com nosso país. (Programa do Espetáculo, 2017)
A classificação do trabalho como “peça-manifesto” possibilita ao espectador buscar, nas entrelinhas textuais e no desenlace das ações dramáticas, referências de um país que acossa a sua população em níveis distintos. Não há como não deixar de observar traços comuns da tão comentada e controversa “contemporaneidade”.
Uma mesa enorme com alguns microfones, 9 telas para transmissão de imagens e pedestais com microfones estrategicamente localizados no palco. Com esta instalação cenográfica (concebida por André Cortez), que remete a plateia à ambiência de uma bancada de jornal ou de um estúdio jornalístico em que monitores conectados, simultaneamente, mostram imagens de caráter erótico (com exposição de cenas de sexo, órgãos sexuais, cena de parto, frases de protesto etc.), a trama vai sendo desenvolvida. Ou melhor, a partir deste espaço cenográfico, o espetáculo vai expondo o quadro social em que o texto vai sendo delineado desvelando a trama policial na qual estão envolvidas personagens políticas e prostituas, sob o pano de fundo de uma sociedade cheia de conservadorismo, em que são desvelados os desvios de caráter de seus integrantes.
A construção do texto espetacular de Carlos Gradim conta ainda com o desenho de luz de Telma Fernandes, que trabalha com efeitos e técnicas precisas de iluminação acentuando as ações dos atores e de suas perspectivas personagens. Além do cuidado com o desenho de luz, chama a atenção o figurino de Fabio Namatame e as intervenções sonoras proposta por Dr. Morris, que introduz nuances do jazz ao longo da montagem.
Rodolfo Vaz e Yara de Novaes, que foram parceiros na construção de O Capote (2016) – ele como ator e ela como diretora –, agora dividem a cena e oferecem ao espectador um encontro singular, onde o que se vê no palco é um jogo cênico entre dois grandes atores. Yara explora todos os recursos de um teatro performativo na construção das personagens que traz para a cena, ao passo que Rodolfo imprime uma interpretação mais “realista” na composição do Investigador. Assim, Yara corporifica um mosaico de mulheres fortes, prostitutas do nordeste brasileiro, desdobrando-se em várias facetas femininas, e, por sua vez, Rodolfo imprime um tom mais narrativo para corporificar o policial, que se interessa pela prostituta Justa assim que com ela se encontra pela primeira vez. A atuação de ambos os atores envolve o público. Se Yara trabalha nuances físicas, corporais e vocais em cada nova personagem que passa a compor a trama policialesca proposta por Moreno e que vai sendo delineada e decifrada ao longo da peça, Rodolfo constrói a sua personagem a partir de uma perspectiva mais “narrativa” e realista, imprimindo ao Investigador um tom de “sobriedade”, característica essa que é quebrada pelas as variações vocais propostas por Yara na composição de suas mulheres prostitutas.
Refletir sobre a dramaturgia de Newton Moreno e a montagem dirigida por Carlos Gradim a partir do uso de um humor reflexivo nos permite trazer para discussão um Brasil que, a cada dia mais, nos mostra as faces de sujeitos que são negligentes com as suas funções sociopolíticas e dos quais gostaríamos de nos livrarmos. Merece destaque a cena em que o público (mineiro e familiarizado com o trabalho da atriz) nota presença do riso marcante de Teuda Bara, que empresta a sua gargalhada, a partir de uma gravação em off usada com irreverência por Yara Novais para compor Justa, personagem que se revela como a justiceira serial killer pela qual o Investigador se sente atraído. O espectador que já conhece o trabalho e a presença cênica de Teuda, imediatamente, identifica o riso contagiante e se diverte, ironicamente, com o enredo que vai apontando os lugares de representação de tantos políticos corruptos. É como se Yara Novais estivesse rindo de si e de todos. Neste momento, “O Colégio” ganha dimensões alegóricas que vão além do trabalho de interpretação dos atores, reforçando a proposta de “encenação-manifesto” concebida por Carlos Gradim.
Há mais futuro que passado: um documentário de ficção se configura como uma proposta espetacular em que as mulheres são o centro do trabalho. Com dramaturgia de Clarisse Zarvos, Daniele Avila Small e Mariana Barcelos, direção de Daniele Avila Small e atuação de Clarisse Zarvos, Cris Larin e Tainah Longras, a montagem levanta uma discussão sobre os diferentes lugares de fala propostos por mulheres que marcaram a segunda metade do século XX, mais especificamente, os anos de 1960, 70 e 80, possibilitando ao espectador tecer relações entre as vozes dessas mulheres e os novos contextos enunciativos em que as atrizes e as mulheres contemporâneas se veem imbricadas.
No programa de divulgação do espetáculo, as criadoras explicitam os motivos que as levaram à produção da montagem, explicitando que o espetáculo surge a partir de um questionamento que elas fizeram a si mesmas:
Qual é o lugar da mulher latino-americana na história da arte? Esta pergunta inspirou o espetáculo, cujo subtítulo é ‘Um documentário de ficção’. A obra procura jogar luz sobre a vida e obra de importantes artistas latino-americanas cujo legado não chegou ao grande público, a partir de uma pesquisa histórica de fatos reais, obras e experiências de artistas latino-americanas dos anos 1960, 70 e 80. A peça faz uma crítica à história oficial, ao poder que as narrativas da “verdade” têm sobre a visão que temos do mundo e sobre os lugares que nele ocupamos. (Programa, 2017)
Assim, o espetáculo flerta com mais de uma linguagem cênica. O próprio subtítulo já traz a ideia de “documentário de ficção”, associando a proposta cênica ao “teatro documentário”, mas também pode ser observada a influência da performance, do teatro performativo, da intermidialidade, como se fosse também uma proposta de teatro “audiovisual”. O espetáculo se constrói a partir de cartas, explicitando o ponto de vista de uma dramaturgia de mulheres comprometidas com o seu tempo. Um ato performativo em que as tessituras dramatúrgicas expõem memórias e identidades múltiplas de mulheres que representam discursos ideológicos que desvelam identidades para além de seus tempos. Em cena, são trazidas figuras cujas vozes representam momentos latentes da história da América Latina dos anos 1960 a 80, evocando as imagens de mulheres fortes que viveram e construíram as suas próprias histórias conscientes do papel social que “representavam”.
Esteticamente, a peça se constrói a partir da divisão do palco em dois espaços cênicos, que são separados por uma tela (onde são projetados vídeos-imagens ao longo do espetáculo), que as atrizes utilizam para demarcar não só o espaço, mas também a instância de personificação entre o passado e o presente: o espaço ao fundo do palco representa o passado, é a ressignificação do momento onírico, o lugar onde as atrizes leem e interpretam as cartas das personalidades femininas que foram escolhidas para compor a dramaturgia. À frente da tela, na lateral esquerda do espectador e próximo ao proscênio, acontecem as cenas em que são trabalhados os momentos “presentes”. Tudo se dá como um espaço de presentificação das ações cênicas – uma mesa com recursos de som e iluminação, a partir da qual as atrizes operam o espetáculo e atualizam a pesquisa histórica realizada. Há um fluxo de ressignificação e reconstrução de memórias individuais e coletivas. Fatos históricos são trazidos para a cena de forma crítica, em vários momentos com muita ironia, revelando uma sintonia nos jogos cênicos propostos pelas atrizes para atualizar o passado e o presente. O que as cenas trazem para dialogar com as experiências ideológicas e sócio-históricas do público é um encontro de mulheres de nacionalidades distintas que são muito bem personificadas pelas atrizes.
As histórias dessas mulheres, que viveram ou se encontraram em países das Américas como Argentina, Bogotá, Brasil, Cuba, Chile, Colômbia, México, são colocadas em jogo e em constante (re)aproximação. Fatos históricos são trazidos à tona, reflexos de momentos de exceção que modificaram a vida de milhares de latino-americanas, uma vez que a perspectiva enunciativa que a montagem reivindica é a de dar voz às mulheres, suas histórias e conquistas. Sem dúvida, há um exercício de uma dramaturgia feminista, como assinala Lucyana Lyra, para se referir ao seu trabalho dramatúrgico, mas que pode ser associado à dramaturgia de Clarisse Zarvos, Daniele Avila Small e Mariana Barcelos e à direção de Daniele Avila Small:
Talvez por isso tenha perseguido processos de criação dramatúrgica que procurassem se articular aos processos de criação da cena pelas atuantes, levando-as às margens e ao fundo delas mesmas, ajudando a trançar questionamentos acerca de identidade, gênero, individuação, e de nossa condição de incompletude e finitude.[i]
As três atrizes, Clarisse Zarvos, Cris Larin e Tainah Longras, cada qual a sua maneira, imprime à montagem o seu corpo-olhar-presença projetando nas cenas facetas de mulheres que reivindicam o seu lugar de fala. A história ficcional de Ana, personagem criada para “representar” as diversificadas vozes e corporeidades femininas, vai sendo delineada pelas atrizes com uma cumplicidade demarcada pela presença cênica na exposição e construção dos relatos ficcionalizados. Cada atriz vai imprimindo o seu olhar e emprestando o seu corpo como um ato de resistência, como se fosse montando uma colcha de retalhos ou um quebra-cabeça discursivo em que elas e as mulheres em geral são as responsáveis pela (re)construção de suas próprias histórias.
Um dos momentos de destaque da peça é a ressignificação que a atriz Tainah Longras faz do poema-canção de Victoria Santa Cruz, “Negra”[ii]. Como mulher negra, a atriz faz a sua releitura do poema e o público se emociona com a sua interpretação. Em cena, o seu corpo de mulher negra traz traços e identidades pessoais que vão sendo coletivizados. Seu ato performativo assume, demarca e reivindica um olhar sobre si, colocando-se em diálogo com cada verso (estrofe-refrão) do poema-performance de Santa Cruz e, ao mesmo tempo, cada gesto seu (rosto e olhar expressivo; braços, mãos e punhos em riste, corpo ereto e peitos abertos) também assume e demanda um ato de resistência coletivo de milhares de mulheres negras.
Os diretores realizaram uma oficina, em que foram inscritos 5 mil atores, sendo que setenta foram selecionados num primeiro momento e, depois, foram escolhidos os seis previamente citados. Os números demostram que existe um grande número de profissionais, atores e atrizes negros, habilitados para atuarem na cena negra ou não. Neste sentido, percebe-se o desejo dos diretores de trabalhar com um elenco negro a partir de um texto que trata da questão do preconceito e da intolerância, mas que não opera apenas a partir dos estereótipos que costumam estar associados às imagens dos negros e das negras na sociedade brasileira. É extremamente relevante, se levamos em consideração na proposta espetacular produzida, que a questão latente da homofobia é vivenciada e discutida em cena a partir da perspectiva do elenco negro selecionado.
A peça tem como referência o jornal “Rolling Stones”, de Kampala, que, em 2010, divulgou o rosto e o endereço de 100 homossexuais e convocou os seus leitores a linchá-los. Quatro anos depois, outro fato similar aconteceu, quando, naquele momento, outra publicação listaria 200 homossexuais para que pudessem ser espancados até a morte. Tudo isso aconteceu mesmo após a lei antigay ter sido derrubada. Assim, o espetáculo ressignifica o fato histórico.
O foco da dramaturgia está centrado na história de uma família de três irmãos (dois homens – Joe, interpretado por André Luiz Miranda, e Dembe, representado por Danilo Ferreira – e uma mulher – Wummie, a mais nova, vivida por Indira Nascimento), cujo pai, que era pastor na comunidade, falece, e o filho mais velho, Joe, é eleito para seguir o caminho deixado por ele. Joe começa a atuar como pastor da igreja local e líder da comunidade, que é extremamente conservadora e cheia de preconceitos. Na história, o filho mais novo, Dembe, sofre com o impacto da primeira reportagem, pelo fato de namorar o médico Sam (Marcos Guian) e por se sentir em eterno conflito, pois não consegue decidir se viverá o relacionamento que deseja levar adiante, mesmo correndo riscos de ser “descoberto” pela família e pela sociedade local, ou se terá coragem de separar de seu parceiro.
A montagem levanta questionamentos que hoje se fazem constantes nas discussões sociais, demonstrando pontos nevrálgicos para que possam ser repensados aspectos como a intolerância, o preconceito, o uso inadequado e “desqualificado” da religião (a cura gay, os ataques às religiões de matriz africana), os lugares e os direitos das mulheres no Brasil contemporâneo, representados na peça por meio da personagem Wummie, uma jovem que precisa abdicar dos seus sonhos em função da realidade em que se encontra e para manter a família estruturada. Assim, ela “aceita” abandonar os estudos e assume para si o papel de se manter como elo entre os irmãos.
Esteticamente, observa-se a preocupação dos diretores de trazerem para cena elementos que integram a cultura negra. Isto pode ser observado nas cenas em que são retratados os aspectos mítico-religiosos das comunidades negras, a musicalidade e a corporeidade dos atores e atrizes que buscam acionar instâncias mnemônicas que se relacionam com as identidades negras e suas negociações em contato com o Outro. Merece destaque o fato de que, apesar de a “violência” ser elemento constante e estruturador das ações dramáticas, o “amor”, mesmo que as personagens não consigam escapar de seus “destinos trágicos”, acaba se constituindo como um traço fundante da montagem. É corporificado e se vê presentificado no sentimento entre os irmãos, que está acima do ódio local e de tudo; no afeto e na cumplicidade entre os companheiros Sam e Dembe; na relação de amor conturbada entre a Mama (Heloisa Jorge) e sua filha Naome (Marcella Gobatti).
Se eu fosse Iracema, solo da atriz Adassa Martins, com dramaturgia de Fernando Marques e direção, iluminação e cenografia de Fernando Nicolau, traz para reflexão outro tema latente no país: os povos indígenas, suas relações e integração na sociedade, que continua não respeitando os seus direitos e não os incluindo como cidadãos brasileiros. No programa (2016), é explicitado que o espetáculo “nasceu da inquietação provocada por uma carta de outubro de 2012, em que os guarani e kaiowá pediam que se decretasse sua morte coletiva em vez de lhes tirarem a terra – onde repousa sua vida.”
Com o teatro em black out , um feixe de luz na horizontal incide sobre os olhos da atriz, que vai se agrandando diante do olhar do espectador. Assim o espectador tem o primeiro contato com a peça. A luz funciona como maquiagem que demarca e cobre – como se fosse a tinta (elemento retirado da natureza e usado pelos povos indígenas para a pintura de partes do corpo) – o olhar expressivo da atriz. Ela inicia o seu solo desvelando falas e discursos que enunciam o ponto de vista dos indígenas, trazendo para cena personas distintas, entre outras, um pajé, um ancião, uma vítima de desapropriação de terra, colocando em discussão e em primeiro plano a história de perseguição que os povos indígenas têm sofrido em todo o território brasileiro através dos séculos, desde a chegada dos homens brancos às Américas, para colonizá-las. Suas falas assumem um viés extremamente crítico, como pode ser observado no seguinte fragmento:
Um homem branco vale mais que um homem
de outra cor
Um homem branco vale mais que um homem
de qualquer cor
Um homem branco vale mais que um homem
Um homem branco vale mais que uma mulher,
uma onça,
um rio,
um pássaro,
uma raiz,
um tronco de árvore sagrada,
uma erva que cura,
uma capivara,
um jabuti,
um totem,
uma aldeia inteira,
uma etnia inteira,
uma história toda.
A história do homem branco é história.
A ciência do homem branco é ciência.
A religião do homem branco é religião.
A arte do homem branco é arte.
A filosofia do homem branco é filosofia.
E a história de qualquer outro homem é folclore,
é caso,
é mentira,
é bobagem,é superstição,
é lenda,
é enredo de escola de samba,
é poesia de livro didático.
Só o homem branco sabe,
Só o homem branco sobe,
Só o homem branco salva,
Os outros homens: selva.
(Fernando Marques, no programa do espetáculo)
O ponto de vista enunciativo da dramaturgia de Fernando Marques entrega para a atriz Adassa Martins diferentes olhares e leituras textuais que permitem que o público reflita sobre a complexidade dos temas expostos. A dramaturgia mescla depoimentos de indígenas, entrevistas e também tem como referências filmes – Índio cidadão?, Belo Monte, anúncio de uma guerra e A lei da água – que foram produzidos com o objetivo de trazer à tona a vida e as vivências dos indígenas. O trabalho da atriz apresenta uma performance corporal precisa e nuances vocais únicas, explorando timbres e volumes, transformando-se corporalmente e vocalmente demonstrando uma grande consciência técnica de seu corpo para vivenciar as personagens-personas, que são trazidas para a cena evidenciando a exposição de seus sofrimentos, revoltas, fraquezas e, principalmente, a sua visão a partir da perspectiva do “mundo” indígena.
Quais lugares de fala assume o discurso? É possível falar pelo Outro? Até que ponto o trabalho do artista representa o Outro? Estes questionamentos que têm sido muito recorrentes no teatro “contemporâneo” poderiam ser levantados para discutir a montagem. No entanto, a qualidade do texto e a potência da atriz em cena minimizam qualquer tipo de observação nesse sentido. Não há como não reconhecer a qualidade da performance da atriz, bem como o engajamento dos envolvidos na produção do texto espetacular (dramaturgo, diretor e toda a equipe) em prol de fazer da peça um ato político, uma instância de denúncia.
Ficha técnica dos espetáculos:
Justa
Texto: Newton Moreno
Direção: Geral Carlos Gradim
Elenco: Yara De Novaes e Rodolfo Vaz
Diretor Assistente: Leandro Daniel
Assistente de Direção: Murillo Basso
Design de Luz: Telma Fernandes
Cenografia: André Cortez
Figurino: Fábio Namatame
Trilha Sonora Original: Dr Morris
Produção Musical: Yvo Ursini
Voz do Hino de Ninar: Laila Garin
Gargalhada: Teuda Bara
Conteúdo Audiovisual: George Queiroz
Programação de Vídeo: Julio Parente
Assistente de Cenografia: Carmem Guerra
Direção de Produção: Ana Luisa Lima
Produção Executiva: Igor Biond
Assistência de Produção: Marianna Botelho
Estagiário de Produção: Roy D’Peres
Administração da Temporada: Beatriz Lima
Cenotecnia: André Salles
Operação de Luz: Boy Jorge JP
Operação de Áudio e Vídeo: Vitor Vieira
Sistema de Vídeo: Julio Parente (Corja)
Equipamento de Som: Rz Sound
Contra-regragem: Roy D’peres
Projeto Gráfico: Beto Martins e Gabriela Rocha
Fotos: João Caldas (Formato Estúdio) e Elisa Mendes
Assessoria de Imprensa: Approach Assessoria de Imprensa
Coordenação Geral do Projeto: Instituto Odeon
Thais Boaventura, Hannah Drummond, Mariana Bragae Ingrid Moiteux
Há mais futuro que passadoum documentário de ficção
Dramaturgia: Clarisse Zarvos, Daniele Avila Small e Mariana Barcelos
Direção: Daniele Avila Small
Elenco: Clarisse Zarvos, Cris Larin e Tainah Longras
Participação em vídeo: Carolina Virgüez
Criação: Clarisse Zarvos, Cris Larin, Daniele Avila Small, Mariana Barcelos, Tainá Nogueira e Tainah Longras
Direção de produção: Fernanda Avellar
Direção de movimento: Denise Stutz
Cenografia: Elsa Romero
Iluminação: Ana Kutner
Figurino: Raquel Theo
Trilha sonora: Julia Bernat e Laura Becker
Violão, guitarra, gravações, edições e mixagem: Felipe Fernandes
Identidade visual: Clarice Pamplona
Assistência de direção: Mariana Barcelos e Tainá Nogueira
Vídeos: Daniele Avila Small a partir de imagens de arquivo e do processo de criação
Costureira: Nice Tramontim (cenário) e Ione de Farias (figurino)
Bordadeira: Paula Miranda
Cenotécnico: Maranhão
Realização: Trestada Produções Artísticas e Complexo Duplo
Idealização do projeto: Clarisse Zarvos e Daniele Avila Small
O JornalThe Rolling Stones
Texto: Chris Urch
Tradução: Diego Teza
Direção: Kiko Mascarenhas
Codireção: Lázaro Ramos
Com André Luiz Miranda (Joe), Danilo Ferreira (Dembe), Heloísa Jorge (Mama), Indira Nascimento (Wummie), Marcella Gobatti (Naome) e Marcos Guian (Sam)
Assistência de Direção: Ana Luiza Folly
Direção de Movimento: José Carlos Arandiba (Zebrinha)
Preparação Vocal: Edi Montecchi
Realização e Produtores Associados: Lázaro Ramos e Kiko Mascarenhas
Produção: KM ProCult e BR Produtora
Direção de Produção: Viviane Procópio e Radamés Bruno
Produção Executiva e Administração: Viviane Procópio
Assistência de Administração: Jandy Vieira
Equipe de Produção: Igor Dib, Milena Garcia e Diego Teza
Iluminação: Paulo César Medeiros
Assistência de Iluminação: Júlio Medeiros
Montagem de Luz: Boy Jorge, Luíza Ventura, Fabiano Gomes, Vilmar Ollos e Rodrigo Emanuel
Operação de Luz: Walace Furtado
Trilha Sonora Original: Wladimir Pinheiro
Operação de Som: Marcito Vianna
Estúdio de Gravação: “DRS” e “FD”
Cantores: Flavia Santana, Lu Vieira, Renato Ribone, Wladimir Pinheiro
Cenografia: Mauro Vicente Ferreira
Assistência de Cenografia: Rogério Chieza
Construção de Cenário: Em Família Cenografia e Eventos
Adereços: Mauro Vicente Ferreira
Figurinos: Tereza Nabuco
Assistência de Figurinos: Júlia Custódio
Costureiras: Adélia Andrade e Severina da Silva Viana (Mainha)
Calçados: Jailson Marcos
Assessoria de Imprensa: Antônio Trigo
Comunicação Web: Urgh
Arte e Lay Out do Projeto: Léo Dória / BR Produtora
Projeto Gráfico: Novo Traço
Fotos de Estúdio: Jorge Bispo
Se eu fosse Iracema
Intérprete: Adassa Martins
Dramaturgia: Fernando Marques
Direção, iluminação e cenografia: Fernando Nicolau
Figurino e caracterização: Luiza Fradin
Trilha sonora original e desenho de som: João Schmid
Preparação Vocal: Ilessi
Direção de arte e projeto gráfico da comunicação visual: Fernando Nicolau
Escultura do busto: Bruno Dante
Caracterização das fotos: Luiza Fardin
Fotografia: Imatra
Assistência de direção: LuCa Ayres
Assistente de figurino: Higor Campagnaro
Cenotécnico: André Salles
Aderecista: Derô Martín
Assessoria de imprensa: Catharina Rocha
Produção executiva: Clarissa Menezes
Idealização: Fernando Nicolau e Fernando Marques
Realização e produção: 1COMUM Coletivo
[i] LYRA, Luciana. Dramaturgia Feminista: Fogo de Monturo e Quarança. São Paulo: Giostri Editora, 2017. p. 11.
[ii] Confira a performance da atriz em https://vimeo.com/243704983. O poema de Victoria Santa Cruz está disponível emhttps://www.youtube.com/watch?v=49-wQtOj7iI.